O projeto de desenvolvimento sustentável para o nosso estado é revolucionário, moderno e peculiar. Eu me alegro em ver esse projeto proposto por um governo de estado e não por ONGS internacionais com propostas ambientalistas, da qual a população desconfia e se sente insegura. Mas é justo ressaltar que esse projeto começou a ser rascunhado no campo das discussões ideológicas e filosóficas entre ambientalistas, intelectuais e indígenas envolvidos com essa temática e que, de uma forma direta ou indiretamente, são vinculados a essas ONGS. Hoje essas pessoas exercem posições estratégicas no desenvolvimento do projeto.
O estado como executor do projeto, tem conseguido envolver de maneira plausível a sociedade em torno dessa proposta de desenvolvimento para a região, que está sendo observada pelo mundo inteiro como um modelo de desenvolvimento alternativo para a região amazônica.
As discussões que se difundem se questionam e se avaliam entre ambientalistas, intelectuais, políticos e governistas, sobre essa temática, se acerram no campo da praticidade da execução do projeto que se intitula “desenvolvimento sustentável”. Mas, de fato o que é o desenvolvimento sustentável? Hoje se fala muito sobre essa temática, mas o que vem a ser o desenvolvimento fora do campo das discussões filosóficas, técnicas e políticas. Eu não sou nem um exímio conhecedor desta temática, mas o que eu entendo sobre “desenvolvimento” em resumo, é: desenvolver a pessoa daquilo que ela esta envolvida desde a sua infância, adolescência, juventude, até a sua fase adulta.
O projeto de fato é bom, é inovador, mas é necessário que se faça uma reflexão, se o que conceituamos como desenvolvimento se aplica em um outro estilo de vida, que tem as suas próprias tradições culturais e econômicas. O acre se diferencia hoje dos outros estados brasileiros exatamente por ter essa miscigenação cultural, ou seja, são dezesseis etnias que vivem em território acreano que tem os seus hábitos, costumes, crenças e vidas econômicas peculiar, que também se mistura com um estilo de vida próprio daquelas comunidades tradicionais que vivem na imensa floresta amazônica. De fato, o que levamos não é o desenvolvimento, mas, o “envolvimento“, do qual já nos envolveram, e que chegou até nós, conceituado como desenvolvimento “progressista” que nos envolveu em alguns costumes que nunca fizeram parte das nossas tradições culturais.
Se vasculharmos as nossas raízes históricas, iremos perceber o quanto já nos desenvolvemos das nossas tradições; daquilo que cantávamos nas nossas canções; que expressávamos nas nossas poesias e a até mesmo, dos instrumentos que usávamos para ritmar nossas canções.
Será que o que aconteceu conosco foi um progresso, ou um envolvimento em nossa cultura de algo que nós não conhecíamos e nem estávamos preparados para receber, que resultou em um envolvimento insustentável, ao invés de desenvolvimento sustentável?
Tudo isso se assemelha a um cavalo de tróia, bonito por fora e surpreendente por dentro e com conseqüências desastrosas.
Em tese, quem realmente precisa de desenvolvimento? São as nossas comunidades tradicionais? Ou será que não somos nós mesmos? Que já nos envolvemos em tantas tradições ocidentais e até mesmo dependência financeira que se tornou uma situação insustentável? Eu particularmente creio nesse projeto, e acredito nas nossas potencialidades econômicas sustentável, mas, como bom acreano que sou me preocupo também com nossas origens, pois tenho orgulho de ser acreano com o peito cheio de nobreza, constância e amor, mas, em tudo, guardo comigo uma grande frustração de ter sido “ desenvolvido “.
Luízio Oliveira – Jornalista
luiziooliveira@yahoo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário